Muitos me perguntam se um dos sintomas de câncer pode ser a dor nas pernas.
A resposta é que, em alguns casos, pode sim.
Em meu consultório, já atendi pacientes em que a dor nas pernas foi o primeiro sintoma de câncer.
A neuropatia periférica, por exemplo, é uma doença que afeta os nervos, pode causar muita dor nas pernas e está ligada ao câncer.
O paciente pode desenvolver secundariamente ao câncer uma neuropatia, ou mesmo esta pode ser uma complicação devido ao tratamento com a quimioterapia.
Os sinais e sintomas mais frequentes da neuropatia periférica são:
– Dores nas pernas, pés e mãos
– Dificuldade de movimentar os braços e pernas
– Câimbras
– Formigamento em mãos e pés
– Perda de massa muscular
– Perda de força
– Fraqueza
– Perda de equilíbrio
– Tontura
E em alguns casos, podem ocorrer sintomas autossômicos na neuropatia periférica, tais como:
– Constipação intestinal ou diarreia
– Sensação de empachamento
– Perda de urina espontânea ou retenção urinária
– Disfunção erétil
– Queda de pressão ao se levantar
Para explicar melhor essa doença e facilitar a compreensão, é importante dizer que o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e sistema nervoso periférico (representado pelas fibras nervosas que se parecem com “fios elétricos encapados” que são responsáveis pela transmissão de informações da pele, dos músculos e dos órgãos para o cérebro).
A neuropatia periférica é caracterizada pela degeneração das fibras nervosas, podendo ser causada por doenças como o diabetes, distúrbios hormonais, doenças autoimunes, câncer, doenças infecciosas e genéticas.
O tratamento do câncer com quimioterapia pode causar a neuropatia periférica com disfunção neurológica, pois os medicamentos utilizados podem ser neurotóxicos, podendo destruir parte dos nervos periféricos.
Além disso, o abuso de álcool, cigarro e a ingestão de substâncias tóxicas (agrotóxicos, metais pesados, etc), bem como a carência de nutrientes e vitaminas em pacientes desnutridos, podem favorecer a neuropatia periférica, principalmente nos idosos.
Cabe destacar, que determinados tipos de câncer, como por exemplo os linfomas, câncer de mama, de pulmão e mieloma são mais propensos à evoluir com neuropatia periférica.
Também é importante salientar, que a chance de lesões neurológicas pode aumentar em pacientes que já foram submetidos à transplante de medula óssea ou que sejam portadores de insuficiência renal.
O diagnóstico deve ser feito pelo médico após exame físico, clínico e solicitação de exames complementares como a eletroneuromiografia, por exemplo, para confirmação.
Normalmente me perguntam no meu consultório se esse quadro clínico da neuropatia periférica pode ser revertido.
Nesse caso é importante informar que os nervos podem se regenerar, mas que isso geralmente ocorre de forma muito lenta.
Desta forma, o paciente deve ser estimulado a buscar ajuda médica e tratamento especializado o quanto antes, sendo devidamente informado de que a recuperação pode levar meses ou anos e que nem sempre ocorre 100%.
E quais seriam os possíveis tratamentos?
Além da prescrição de medicamentos específicos para diminuir a dor, as doenças de base precisam ser tratadas e acompanhadas. São elas o diabetes, hipotireoidismo , lúpus, insuficiência renal, insuficiência hepática e outras.
Além disso, quando for o caso, deve-se suspender o uso de álcool e cigarros. E, se possível, reduzir os medicamentos quimioterápicos utilizados para tratar o câncer.
Adicionalmente, também é muito importante que o paciente seja tratado por uma equipe de médico e nutricionista, para que se possa mudar o seu padrão alimentar, objetivando excluir da dieta alimentos inflamatórios, com potencial neurotóxico e a ingesta de metais pesados.
O tratamento multidisciplinar realizado por uma equipe com bases científicas, que agregue também conhecimentos da saúde ortomolecular e da saúde integrativa, irá realizar a reposição de oligoelementos, vitaminas e lactobacilos específicos para cada caso, trazendo muitos benefícios e contribuindo para a recuperação das fibras nervosas.